O abrir da janela no amanhecer de mais um dia,
depois do escuro, da chuva, da insónia, do sonho,
eis mais um dia...
Logo mais, se fechará novamente o ciclo,
mais um pôr do sol e novamente o escuro, a insónia,
e talvez.... o sonho!
Fotos JS
O emaranhado de raízes, no chão, sustenta aquelas frondosas árvores
cujo verde da ramagem contrasta com o azul do céu!
Ali havia silêncio, o vento mal se sentia, não seria vento,
mas apenas uma brisa que agitava lentamente as verdes folhas!
As raízes, o verde das ramagens, a brisa que sopra suave no…
silêncio das palavras!
Nos altos ramos de árvores frondosas
O vento faz um rumor frio e alto,
Nesta floresta, em este som me perco
E sozinho medito.
Assim no mundo, acima do que sinto,
Um vento faz a vida, e a deixa, e a toma,
E nada tem sentido — nem a alma
Com que penso sozinho.
Fernando Pessoa (Ricardo Reis)
No silêncio da noite, a suave brisa da primavera,
Na memória, as palavras pensadas e escritas,
No silêncio das palavras, o som da memória,
Na memória a ausência de palavras…
Palavras sentidas, amizade ausente,
Sentimento presente nas palavras sentidas,
Descubro um recanto, um refúgio na memória,
E ali adormeço, na ausência de uma palavra.
É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.
Eugénio de Andrade
As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.
Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.
E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.
Eugénio de Andrade
Chamo-Te
Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só de Teus olhares me purifique e acabe.
Há muitas coisas que não quero ver.
Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o Teu reino antes do tempo venha
E se derrame sobre a Terra
Em Primavera feroz precipitado.
Sophia de Mello Breyner Andresen
"Nós nunca nos realizamos.
Somos dois abismos - um poço fitando o céu."
Fonte - Livro do Desassossego
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