(foto da Net...)
No passado dia 19, disseste-me que na madrugada daquele dia, - o luar estava lindo... - , não vi o luar no meu "Pátio", mas uma inesperada insónia, proporcionou-te uma visão espectacular do luar (de poesia) vista na imensidão da tua janela...
Foi a lua do solstício, gigante, graças a uma ilusão de óptica que a NASA explica. A lua do dia 18 de Junho, estava enorme, foi a maior lua do ano e aconteceu dois dias antes do início do Verão no hemisfério norte.
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Hoje, dia 06 de Junho dou-te os Parabéns!...seria o aniversário dos teus 50 anos, mas não “seria”!... é o teu aniversário comemorado no silêncio de uma saudade que ficou desde aquela noite quente e iluminada pelo luar de poesia do mês de Agosto!
Como o tempo passa, como todos estes anos “voaram” nesta imensidão da vida, tinhas 28 anos quando “partiste” para essa eterna viagem, é muito tempo?... Não, não é, foi “ontem”, a tua memória está viva, está presente em cada dia e em especial no dia de hoje.
Recordo o último aniversário que estivemos juntos, almoçamos em Alfama, era próximo do meu trabalho e depois, havia as sardinhas dos Santos Populares, o bairro começava a estar enfeitado, aqui e ali, já se viam os altares que iriam ser do Santo António, depois as circunstâncias da vida, da minha, e da tua, não nos possibilitaram voltar a comemorar junto outro dia 06/06, eu, “afastei-me” para África, tu para outras “paragens”.
Recordações que estão tão vivas, tão presentes, recordações que para além da saudade que o tempo teima em manter com a mesma intensidade, são memórias que me deixam ficar sempre com um sorriso, um sorriso talvez triste, mas um sorriso sincero de quem te amou muito!
Mas hoje é dia de festa e aonde quer que estejas, terás aquele sorriso lindo ao receber este ramo de flores que te ofereço e fica a perpetuar a tua memória, a nossa memória!
Ah, já sei… estou em dívida para contigo, fiquei de te contar porque é que o meu sorriso ficou triste e magoado, e ainda não te contei, mas hoje conto-te:
- Encontrei um outro Sorriso, muito lindo e nesse encontro o meu sorriso abriu-se, os nossos sorrisos tocavam-se na harmonia da sintonia e do afecto, da partilha de uma cumplicidade muito nossa, mas um dia… há sempre um dia!, em que o meu, sim, o meu sorriso foi posto em causa, e posto em causa de uma forma dura e cruel, de uma forma que pôs em causa a sinceridade de um Amor muito profundo, onde existia tamanha sintonia interior, tão grande afeição e carinho, tanta ternura e dedicação!... Tudo isso foi posto em causa por uma palavra, e o meu sorriso ficou magoado e triste!
Depois, houve momentos em que recuperei alguma alegria e que o sorriso voltou a brilhar, em que sem “culpas-nem-desculpas” os sorrisos tocaram-se, envolveram-se num abraço em que se confundiram em apenas “um só”… sim, foi depois, e foi porque a Amizade que é verdadeira transcende o tempo e o espaço, é eterna!... Agora, resta a mágoa, a saudade, uma saudade que dói….
Aqui ficam os Parabéns nesta saudade que perdurará para todo o sempre, aqui ficou mais um desabafo, aqui está tua memória, aqui está a nossa memória… e a nossa memória é um património só nosso, que ninguém, mesmo ninguém se poderá apropriar, a nossa memória é afinal a “caixinha dos nossos sorrisos”…
Sabes?... Sei que tu sabes, sempre tivestes e continuas a ter o meu sorriso….
Nunca "partiste" estás aí...
Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe
valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.
Carlos Drummond de Andrade