Ninguém compreendia esse perfume
da escura magnólia de teu ventre.
Ninguém sabia que martirizavas
um colibri de amor entre os teus dentes.
Mil eram os potros persas que dormiam
na praça com luar de tua fronte,
enquanto eu quatro noites enlaçava
tua cintura, inimiga da neve.
Entre gesso e jasmins, o teu olhar
era um pálido ramo de sementes.
Eu busquei, para dar-te, no meu peito
as letras de marfim que dizem sempre.
Sempre, sempre: jardim desta agonia,
teu corpo fugitivo para sempre,
o sangue de tuas veias em meus lábios,
teus lábios já sem luz p’rá minha morte.
Garcia Lorca
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