Sabes?....Talvez não ou não venhas a saber, porque esta é a carta que não escrevo, são palavras que ficam no papel, sem que alguém as leia, sem que alguém se aperceba delas, sem que alguém lhes ligue e dê um pouco de atenção.
Mas, sinto necessidade de “não” escrever esta carta, sinto vontade de não ter vontade de pensar, percorro lentamente o teclado e não encontro as letras que formam as palavras, os dedos tremem de emoção, as palavras não surgem no monitor, nesse monitor onde em vão procuro o teu olhar, procuro o teu sorriso!
Que paradoxo, sentir – vontade de não ter vontade de pensar em ti – e ao mesmo tempo sentir vontade de tocar o teu olhar, de tocar o teu sorriso, de te dizer:
Gosto-te!...
Penso em ti, penso muito em ti, e pensar em ti, dói!... Mas é uma forma de dor que se sente sem doer, uma dor que aperta, mas que aperta de forma diferente, que asfixia, que me deixa de lábios apertados, uma dor que não se traduz, que não existe palavra que a descreva, uma dor diferente!
Mas eu quero-te pensar, quero “ver” o teu sorriso, quer recordar o teu “sorriso especial”, não, não posso recusar-me a sonhar-te, isso seria ignorar um período tão breve mas ao mesmo tempo tão intenso da minha vida, e eu quero recordar-te, e como te dizia:
Quero-te muito!
Um dia escreveste: - Trazes nos olhos o desespero e na boca um traço de solidão – Nos olhos mantém-se o desespero, no olhar, um sorriso triste, e na boca um traço de saudade… saudade da intensidade que vivemos cada encontro, da entrega, do abraço, do respirar juntos, do toque, sim, recordas o toque?...
Foi maravilhoso estar contigo, porque existia e existe Amor!...
E agora, estou contigo!
O toque com o olhar, o descobrir a alma através de um sorriso, tudo isso completava o que sentíamos nesses instantes, nesses momentos e que vivemos com intensidade!
Não sei como terminar uma carta que não escrevo, faço-o com um poema de Eugénio de Andrade…
O sal da língua
Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.
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